sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Madrugada (conteúdo adulto)

Sentiu que o braço direito começava a formigar. Estava muito tempo naquela posição e não conseguia conceber nenhuma outra. O corpo pesava muito, o estomago revirava-se uma e outra vez devido a confusão de cheiros que exalavam da sua pele e da sua roupa. Então, no meio de pensamentos somente um pouco conscientes, teve a absurda idéia de que se continuasse deitado sobre o braço cortaria a circulação tempo suficiente para que as células morressem e fosse necessário amputá-lo. A idéia era demasiadamente exagerada, mas susto foi suficiente para que ele se levantasse e sacudisse o braço. A mudança brusca de posição fez com que o estomago reclamasse mais uma vez e ele cuspiu uma generosa quantidade de saliva misturada a biles.

Sua visão estava levemente distorcida, mas o ambiente era conhecido e bastante identificável. As mesas salvadoras do Mc'donalds onde se acumulavam durante a madrugada vários perdidos na noite; jovens embriagando-se, jovens embriagados, jovens querendo se embriagar, mendigos, pedintes, algumas crianças. Era cedo demais para ser tarde e tarde demais para ser cedo; aquela hora chata onde é plausível ir para casa e onde é possível esperar mais um pouco para que algo aconteça.

A sensação de formigamento já havia passado o que lhe tirou um pouco da sensação de realidade. Os músculos cansados das costas pareciam que não iam conseguir manter aquela postura, então ele curvou a cabeça sobre a mesa e preparou os dois braços para segurá-la. As mãos sentiram a leve umidade que vinha dos cabelos castanhos cacheados, vestígio dos minutos que passou com ela embaixo da água tentando se sentir melhor.

A mesa era um retângulo de pedra com pontas arredondadas. Não tinha a menor idéia de que tipo de pedra era aquela, mas tentou se concentrar no padrão para manter a sensação de estabilidade. Não tinha a pretensão de vomitar novamente.

Minutos passaram de dez em dez sem que nada acontecesse; isolado duplamente como estava do mundo, alcoolizado e sem enxergá-lo, ele não sentiu nada. Quase inconsciência.

Logo iria amanhecer, em determinado ponto o sol imundaria os prédios ao redor, a rotina do dia se apresentaria e ele sentia que permaneceria ali, imóvel, até que o que ocorria dentro dele passasse. Sombrio.

Levantou os olhos levemente de tal forma que além da mesa enxergava um pouquinho do horizonte. Apoiou a cabeça apenas em uma das mãos, enquanto com a outra pegou um cigarro dentro do maço, o colocou na boca e acendeu. A fumaça desceu a garganta arranhando, era o penúltimo cigarro do segundo maço. As mucosas do nariz arderam e por alguns segundos foi impossível respirar; seus olhos lacrimejaram prejudicando ainda mais a visão. Entretanto algo lhe chamou a atenção. Forma conhecida, não sabia bem de onde nem porque, nem o que. A medida que ela se aproximava ia se definindo. O interesse dele aumentou e ele ergueu o corpo e o rosto. Uma menina a cerca de 100m de distancia. Ela tinha um aspecto quase-alegre, quase-cinico, metida numa calça grande demais acompanhada por uma blusa apertada demais. Não se lembrava do nome, mas a medida que ela se aproximava tinha mais convicção de que a conhecia. Será que algum dia soube o nome dela, ou simplesmente se viam por aí?

Ela o olhou, tinha certeza. Sorriu brevemente e mostrou que tinha um cigarro de filtro branco apagado. Ele sorriu em retribuição; que horas será que eram?

Virou a cabeça para trás em busca do relógio eletrônico; 4:30.

_Me empresta o fogo?

Ele entregou o cigarro e viu a brasa queimar a ponta do outro cigarro.

_ E aí, como você tá?

Eles se conheciam então.

_ Tudo bem.

Mentira deslavada que ele não fez questão nenhuma de confirmar ou representar.

_ Indo para casa?

_ Pois é, mais ou menos.

Depender de transporte público era realmente complicado. Cedo demais para os ônibus passarem, tarde demais para continuarem passando. 4:30, a hora que não existe.

Ela sentou. Ele descobriu que ela era amiga de um amigo de um conhecido do namorado de seu melhor amigo. E que sempre ia ali e que já se viram diversas vezes. Beberam juntos uma vez, e foram os únicos dançando na pista numa outra vez. Quanta coisa em comum... Ele sorriu.

A conversa seguiu. Ele descobriu que a noite na boate tinha sido interrompida por uma briga; "ah"_ pensou ele_ "eu deveria ter ido, queria muito uma briga hoje". Ela descreveu a pancadaria e especulou sobre os motivos. Fofoca geralmente é uma coisa muito engraçada. Ele riu. Continuaram conversando, continuaram conversando até deixar de ser tarde e sim cedo. E então ela se levantou e disse que ia embora.

Ele fez questão de se levantar para se despedir dela, e então ela lhe deu um abraço tão forte, sincero e entregue que ele desejou que ela ficasse. Quiseram trocar beijos no rosto mas um dos beijos esbarrou no canto da boca. Sorriram e ela se despediu de novo.

Por dois segundos ele segurou com os dedos a cintura dela. Foram os dois segundo necessários para que ela se virasse e os dois se olhassem profundamente, um nos olhos dos outros. Isso foi o suficiente para que eles entendessem tudo e para que ela não fosse embora. As palavras que trocaram depois dos olhares, a combinação do local para onde iriam, a maneira como iriam e a necessidade de comprar uma coca-cola no caminho, eram totalmente supérfluas.

Se beijaram. Ele sentiu a língua quente e macia dela penetrando na boca entreaberta dele. Sentiu um gosto de tabaco encoberto pelo gosto de chicletes de menta. Agradável, delicado, com os lábios firmes e gentis. Ele supôs que a experiência dela não era tão agradável; sua boca e seu corpo concentrava uma infinidade de odores; tabaco, maconha, vômito, sangue, cachaça, urina. Além disso, tinha um corte profundo no lábio e na gengiva. De qualquer forma, ela não parecia se importar, apertando-o levemente.
Seguiram até um prédio a alguns quarteirões dali. Naquela região dificilmente conseguiriam um quarto que pudessem pagar com o que lhes restava de dinheiro. Se conseguissem entrar no tal prédio, poderiam subir até o último andar e ficar a vontade. A questão se resumia a entrar nele.

Foi mais fácil do que pensaram; o porteiro sonolento quando viu a silhueta do casal parado na porta de vidro simplesmente abriu a porta. Não reparou no semblante dela ou na mochila suja dele. Voltou a cochilar logo.

Foi com o espírito excitado pela transgressão que acabaram de cometer, que eles subiram com gulodice os andares até o último. Segurando o riso, se beijaram e se entreolharam.

Mais uma vez a linguá dela entrou na boca dele. Os lábios dela delicadamente seguraram o lábio inferior dele enquanto a respiração saía levemente das narinas dele. A mão direita dela apertou a nuca dele, enquanto os dedos da mão esquerda seguravam com delicadeza e firmeza o quadril. Ele pressionava o púbis contra o púbis dela, enquanto tocava com gentileza o pescoço e as costas.

Delicadamente, ele empurrou ela sobre a beirada de concreto da caixa d'água do prédio. O corpo dela cedeu e ela se deitou; ele tocou gentilmente o rosto dela, passando a ponta dos dedos na pele branca e delicada. Tocou os lábios rosados, e ela segurou por alguns segundos o dedo dele. Ele continuou correndo a mão delicadamente, passou pelos seios dela, pela barriga, subiu a blusa e encontrou a pele macia por debaixo do tecido. Nesse tempo eles ficaram olhando fixamente nos olhos um do outro. Ela estava tão entregue, que ele teve certeza. Manteve uma das mãos debaixo da blusa dela, sob a barriga enquanto se debruçava para mais uma vez permitir que a língua dela tocasse o interior da sua boca. Sangue, saliva, cocaína, biles, esperma, tinner, aspirina, desinfetante; tudo exalando ao mesmo tempo da roupa e da boca dele. As mãos dela subiram pelo tórax dele, e ela pode sentir uma área da pele lacerada. Puxou a camiseta expondo a pele encantadoramente cor de caramelo, os músculos firmes e marcado esboçando movimento.

Permaneceram longos minutos assim, os lábios e línguas se roçando, o tórax tocando no peito.
Ele sentiu o corpo aquecendo, e percebeu o calor vindo do corpo dela. Por algum tempo eles pararam o rosto próximos um do outro, encaixando o nariz e as maçãs do rosto. Ele mordeu o lóbulo da orelha dela, enquanto ela beijava o pescoço dele. Foi dando vários selinhos sobre o rosto dela e desceu pelo pescoço. Tocou com o rosto os seios sobre a blusa, e com uma das mãos, foi puxando o tecido. Ela levantou os braços para permitir que a camiseta saísse, enquanto ele beijava o colo dela com delicadeza. Puxou o seio farto dela para fora do sutiã, roçou os lábios sobre a pele clara e pressionou o mamilo dela. Ela gemeu, e ele sentiu umidade vindo do sexo dela.

Ele sugou o seio dela com voracidade, enquanto passava a língua energicamente sobre o mamilo dela. Algum tempo depois trocou para o outro seio, enquanto ela gemia e acariciava com delicadeza os cabelos dele.

Sob a luz difusa da rua, sob o iluminar sensível que vinha da noite-quase-dia, a pele cor mascavo dele brilhava expansivamente junto com a dela. Ele beijou delicadamente a barriga dela enquanto explorava com as mãos o caminho secreto do umbigo. Passou a parte de trás da língua sobre a pele, desceu lentamente em zigue-zague e ele puxou respirou profundamente o odor que exalava do corpo dela. Ela gemia docemente e o tocava com as pontas dos dedos; enrolava os cachos, pressionava com força. Na cabeça dele, passavam diversas imagens, desde o início da noite até a imagem gentil daquele corpo bonito. Ele olhou para o rosto dela, e enquadrado pelos seios muito claros e rosados ele viu os olhos dela entregues, puros, confiáveis.

Ele beijou o sexo dela por sobre a calça. Destravou a fivela do cinto de rebites, desabotoou a calça e abriu o zíper. Sentiu a morna brisa que exala dos sexo feminino enquanto puxava a calça para baixo. Ela levantou o quadril para que a tarefa se tornasse mais fácil, e assim que tocou as nádegas no cimento ela respirou rapidamente e sorriu devido ao contraste de temperatura.

Ele deixou a calça dela na altura do joelho. Mordiscou a calcinha dela e a puxou com a boca; uma calcinha preta, simples, confortável. O sexo dela estava umedecido, os pêlos curtos e arrepiados cobriam os lábios. Ele passou a ponta do nariz delicadamente através dos pêlos sem tocar a pele. Com a mão esquerda ele puxou a fivela do cinto e o tirou. Olhou para ela mais uma vez para ter certeza; ela levantou a cabeça e sorriu terna e sutilmente. Ele teve certeza.

Dobrou o cinto ao meio e colocou na mão dela. Ela não entendeu imediatamente, esboçando num murmurio uma pergunta que ele respondeu beijando devotamente o sexo dela. Ela apertou com força os cachos dos cabelos dele, enquanto ele abria delicadamente com a língua, o caminho até o sexo dela. Assim que a ponta da língua roçou no clitores, o cinto desceu pesado sobre as costas nuas dele.

O barulho do couro estalando sobre a carne fazia um conjunto bonito com os gemidos abafados
que saiam dela. Ele sorvia com doçura e gulodice o clítoris dela, se encarregando de beber cada gota de néctar que escorria dela.

Desceu a língua tocando os pequenos lábios dela, empurrou-a gentilmente para dentro da vagina. Ele estremeceu ao sentir as unhas dela nas suas costas junto com as pancadas do cinto.
Rodou a língua dentro do sexo dela, e ela deixou escapar um gemido alto. Encaixou a vulva inteira na boca e sorveu docemente. Então tocou a vulva com os lábios, deixou que dois dedos escorressem para dentro dela, enquanto voltava a sorver o clítoris.

O corpo inteiro dele ardia, queimava, purificava. Purificação, era disso que se tratava. Aquela mulher, aquela dama, tomava-lhe o corpo mas assim que acabasse ela lhe devolveria sem excitação ou dúvidas. Um corpo novo, purificado, sem marcas de nenhuma outra pessoa. O que lhe fora roubado e ultrajado ficaria com ela, restando a ele o corpo novo, puro, único.

Ela tremia também, cada vez mais. Quando ele sentiu e ouviu a fivela batendo na pele, percebeu o clítoris tremendo e sentiu a vulva dela se contraindo loucamente.

Com a respiração ofegante e com o cinto caindo pelo concreto, eles ficaram assim, parados, alguns instantes.

Então ela tocou os cabelos dele e conduziu levemente o rosto dele até o seu. Os mesmos olhos doces e encantadores, os olhos aos quais ele tinha decidido se entregar, estavam ali, olhando para ele da mesma maneira de antes. Ela conduziu a boca dele até a sua e mais uma vez as línguas se tocaram perniciosas. Álcool, cocaína, urina, sangue, desinfetante, cigarro, esgoto, maconha, sabonete liquido, cachaça, éter, cloroforme, esperma, nada disso importava, nada disso fazia sentido. Dentro da boca dela, o mundo era outra coisa.

Ela puxou a calcinha e a calça e começou a se vestir. Recolocou o sutiã no lugar e se levantou em busca da camiseta. Antes que ele pudesse esboçar qualquer movimento, puxou-o para si e retomou o beijo. Virou-o de costas e admirou as marcas que tinha feito. Tocou-as levemente, com as pontas dos dedos, arrancando arrepios dele. Alcançou a camiseta dele e o vestiu. Encaixou o púbis nele e pode sentir o quão úmido o sexo dele estava; não tinha sido a única a gozar.

Se beijaram novamente. O céu ainda estava dividido entre dia e noite.

Desceram os andares levemente envergonhados da constatação obvia que o porteiro faria: eles não moravam ali.

Seguiram juntos até uma avenida movimentada, onde se beijaram pela ultima vez. Ele olhou pelo canto de olho ela ir embora num ônibus azul-profundo. Ele acendeu mais um cigarro e seguiu caminhando, tinha um jornada de 8 quarteirões ate o ponto de ônibus. Trazia um semblante tranquilo e feridas abertas que não doíam, curavam.

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