sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Entre dois

_ Eu queria ouvir uma historia bonita agora, me conta?

_ Não sou bom com historias, nunca fui...

_ Não tem problema, fala qualquer coisa, sobre o amor mesmo.

_ Amor?

_ Amor.

_ Não tenho idéia de por onde começar.

Ela não rejeitou. Permaneceu em silencio. Estava sozinha, com medo e precisava do amor. Acendeu um cigarro.

_ Você anda fumando demais sabia?

_ Sabia... é o silencio...

_ É o vicio.

_ O cigarro enternece a alma.

_ E polui os pulmões.

_ Por que você anda assim?

_ A chama iluminava o rosto dele, tudo muito bonito e dourado.

_ Eu ando diferente?

_ Anda... Não sei como, não me sinto mais parte de você.

_ O que você sente?

Assoprou a fumaça. Nevoa branca na sua frente.

_ Solidão.

_ É o amor? Porque eu não soube falar dele

_ Provavelmente.

_ Apagou o cigarro.

_ Eu queria dormir nos seus braços.

_ Acho que me esqueci como se faz isso também.

_ Ainda se lembra como me beijar?

Ele não era mais iluminado por nada. Olhou para ela. Deslizou os dedos sobre a pele.

_ As vezes eu me sinto sozinho também...

Ela não disse nada.

_ Você sabe me falar do amor?

_ Talvez.

_ Quer tentar?

_ Significa algo?

_ Não sermos só dois solitários?

_ Solitário parece com solidário.

Ruminaram as palavras por um tempo.

_ Eu acho que o amor tem a ver com o brilho nos olhos. Com se sentir sempre me casa, seguro com algumas palavras. Tem haver com confiança. Com afeto, pele mesmo saca?

Ela quis acender outro cigarro falar sobre o tema a deixava nervosa.

_ Com não se preocupar. Com entrega. Eterno perdão. Calma. Saber. Não me importar e só me preocupar. Entende? É um paradoxo.

Continuaram em silencio. Ela deitou ficou olhando para a lâmpada ate que os olhos ficassem irritados.

_ Você quer amizade não amor.

_ Você acha?

_ Amor não é isso. O amor é burro e desconfiado. A amizade é eterna e o amor é só duradouro.

Ela acendeu outro cigarro. Fumou com voracidade.

_ Quer ser meu amigo?

_ Desconfio demais de você.

_ Podia fingir por esta noite?

_ Creio não ser capaz.

Uma lagrima fugiu dos olhos dela.

_ Podia ao menos ficar em silencio enquanto eu finjo que você é meu amigo?

O ar tomou um tom doce, quase delicado. Ela não fumou pelo resto da noite.

Nenhum comentário: