segunda-feira, 28 de julho de 2008

Dragões e traças consumistas

Demorariam mil anos ainda. Preso no centro da terra ele podia ouvi-los todas as noites. Tão belos! Gritavam baixinho suas ambições enquanto sussurravam as alturas suas virtudes. Tão bobos! Mas ainda demorariam mil anos.

O centro da terra é frio e escuro. O magma de que falam é pura ilusão. Quem dera a ele, derreter mas estar aquecido. É frio demais estar sozinho.

Passaram-se dias. Passaram-se anos. Cada vez mais perto, mas mais perto ainda é muito longe. Sofria. Estava aflito, desesperado. Não conseguia se mexer.

Então sentiu a primeira pontada. Eles haviam chegao ao centro da terra, aquela broca de titânio tinha chegado até ele. Não doeu mas incomodou um pouquinho. O mundo foi se abrindo de novo e ele viu a luz. Logo o buraco foi ficando cada vez maior e cada vez maior. Bom dia.

Entao era assim que eles eram? Absolutamente diferentes dele. Será que o conheceriam?

Então o buraco já era grande o bastante. Os músculos do corpo se alongaram longamente: liberdade.

Demorou mil anos mas eles chegaram. E enquanto os homens preparavam suas metralhadoras e canhões atômicos, o dragão fugia do centro da terra prum planeta melhor, perfeitamente agradecido.

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